O pastor Silas Malafaia é alvo de mandado de condução coercitiva no
âmbito da Operação Timóteo, deflagrada na manhã desta sexta-feira (16),
pela Polícia Federal. O diretor do DNPM (Departamento Nacional de
Produção Mineral), Marco Antonio Valadares Moreira, e a mulher dele
foram presos pela PF.
Segundo a PF, Malafaia teria "emprestado"
contas correntes da igreja para ocultar valores desviados em um esquema
de corrupção em cobranças judiciais de royalties da exploração mineral.
Em posts no Twitter, o religioso afirmou ter recebido uma "oferta de
cem mil reais de um membro da igreja" de um outro pastor, que seria seu
amigo. "Não sei o não conheço o que ele faz", completou Malafaia. O
cheque teria sido depositado pelo próprio beneficiário em sua conta
corrente. "Por causa disso sou ladrão? Sou corrupto? Recebo ofertas de
inúmeras pessoas." Malafaia afirmou que está em São Paulo e vai se apresentar à PF na cidade.
O esquema
A PF informou que o diretor do DNPM, em posse de informações
privilegiadas a respeito de dívidas de royalties, oferecia os serviços
de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a
municípios com créditos de CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais) junto a empresas de exploração mineral.
O esquema se dividira em ao menos quatro grandes núcleos: o núcleo captador, formado pelo diretor do DNPM e sua mulher, procurava os prefeitos interessados; o núcleo operacional,
composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em
nome da mulher do diretor, que repassava valores indevidos a agentes
públicos; o núcleo político, formado por políticos e servidores responsáveis pela contratação dos escritórios de advocacia; e o núcleo colaborador,
que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação do
dinheiro --sobre o qual Malafaia teria informações a prestar.
A
Operação Timóteo começou ainda em 2015, quando a então
Controladoria-Geral da União enviou à PF uma sindicância que apontava
incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores do DNPM.
Em nota, a Polícia Federal informou que, além das buscas, os 300
policiais federais envolvidos na Operação Timóteo também cumprem, por
determinação da Justiça Federal, 29 conduções coercitivas, quatro
mandados de prisão preventiva, 12 mandados de prisão temporária,
sequestro de três imóveis e bloqueio judicial de valores depositados que
podem alcançar R$ 70 milhões.
O juiz Ricardo Augusto Soares
Leite, da Justiça Federal de Brasília, determinou ainda que os
municípios se abstenham de realizar quaisquer atos de contratação ou
pagamento aos três escritórios de advocacia e consultoria sob
investigação.
O nome da operação é referência a uma passagem do
livro Timóteo, integrante da Bíblia Cristã: "Os que querem ficar ricos
caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e
nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição".
Fonte: Uol
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